~ [ 2001.10.30 ] ~

ATARAXIA

Show-Case

FNAC Chiado - Lisboa

Eram 18h30. Foi um mini-auditório a abarrotar que recebeu os italianos Ataraxia para um show-case. Actuaram durante sensivelmente meia hora tendo interpretado quatro temas: "Mon Âme Sorcière", contido no último trabalho "Sueños", seguindo-se "Aperlae" do penúltimo álbum "Lost Atlantis", "Eleven" também contido em "Sueños" e para terminar um tema novo de nome "Arcanae Eco" que estará contido na próxima compilação da banda. A banda que tem como formação base Francesca Nicoli na voz, Vittorio Vandelli na guitarra clássica e Giovanni Pagliari nas teclas, tem como convidados para este álbum / tour, Francesco Banchini no clarinete e voz assim como a actuação / dança de Lorenzo Busi tendo este último actuado durante toda a show-case. Têm um som neogótico, recriam ambientes e atmosferas renascentistas, sonoridades barrocas e neoclássicas, harmonias intimistas, partes de ópera orquestrada. Melodias de contemplação / meditação e pesquisa experimental. Utilizam muitos idiomas antigos e contemporâneos: grego, latim, italiano, inglês, francês, alemão, espanhol e português. Emoções profundas, refinados poemas / líricas relacionando jogos de palavras.

Os Ataraxia são alguns artistas italianos que exploram e criam música, pinturas / imagens, poesia / teatro, e que decidiram dedicar completamente as suas vidas á arte. Os Ataraxia são músicos viajantes, fundamentalmente inspirados pelas suas viagens e pelos locais que ainda possuem a nobreza e a carga expressa dos séculos passados, e que transmitem essas emoções obtidas do silêncio, através da música.

Eles cresceram em locais de grande tradição medieval. Através da investigação tentam recriar memórias e lembranças de todas as almas, que perderam a sua individualidade, em função da grandiosidade. Tentam, com as suas mãos criar e dar nuances, e não gostam de adulterar o conhecimento, ou mesmo tentar dar uma diferente visão. Os estudos dos antepassados debruçaram sobre várias áreas que estão ligadas entre si: música, pintura, ciência, matemática, filosofia, arquitectura e alquimia. Por vezes sentem-se como uma área de cruzamento das culturas orientais e mediterrânicas com a cultura celta do norte, como uma terra de encontros e traduções, cidadãos do mundo que trazem sinais físicos e espirituais das mais diversas e distantes culturas.

A palavra Ataraxia é um balanço espiritual, o sinónimo de um estado físico e uma perfeição física que não é possível ser atingida pelos seres humanos. Assim Ataraxia torna-se um estado de tensão em que tentamos abrir as nossas mentes para serem receptivas e preceptivas nas ocorrências da vida. A criatividade é a base da nossa pesquisa.

As pedras antigas e a água falam aos Ataraxia. Por esta razão, preferem tocar e gravar nesses locais, apenas para ouvir as suas vozes silenciosas............

Os Ataraxia estudaram diversos idiomas, e o belo disto é que quando usadas por eles criam um fascínio, devido aos diferentes sons e acentuações, interligados com uma cultura que não é a deles, e a personalização que cada canção ganha devido ao idioma.

Para eles, um concerto é uma espécie de drama teatral. O melhor concerto é conseguido sempre num local antigo onde as pedras e arquitectura lhes possam dar a melhor inspiração. As actuações geralmente representam os seus álbuns conceptuais, e não uma sequência de canções, mas uma profunda pesquisa dos mais diversos modos de se expressarem através da musica, palavras, imagens, acções teatrais e de dança e cenários. Quando a música é criada, começam já a criar as roupas para o mimo / dançarino que trabalha com eles e as coreografias e cenário para as actuações.

A magia criada nos concertos é o intercâmbio de energia entre a banda e ou ouvintes, geralmente os seus concertos têm lugar em locais antigos onde uma corrente de energia flui como catedrais, castelos, jardins, campos, palácios antigos. Exploram e viajam em reinos primaveris.

A sua inspiração vem das suas raízes (culturas celta, latina e grega), dos estudos que fizeram (históricos, clássicos, literários e antropológicos), da maneira como se desenvolvem e da forma que a natureza os escolheu para expressar a sua própria linguagem. Fazem o papel de mediadores entre a arte e a criação. Como um dom inconsciente. A criação é a maneira de expressar a parte divina do ser humano. Nos antigos rituais de Dioniso, o musico era possuído pelo Deus da Natureza, que assim falava através dele. Os Ataraxia têm aquilo que se pode definir como uma atitude mística em relação á vida, sendo canais inconscientes que vibram expressando-se, traduzindo a energia que os rodeia.

Viajam por um caminho que teve a sua origem em tempos muito remotos. O objectivo dos Ataraxia é não perder nada do que o passado lhes deu de forma a recordarem-se quem são, o que são e para vão. Espíritos antigos continuam a falar.

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