ATARAXIA
Show-Case
FNAC
Chiado - Lisboa

Eram
18h30. Foi um mini-auditório a abarrotar que recebeu os italianos Ataraxia
para um show-case. Actuaram durante sensivelmente meia hora tendo
interpretado quatro temas: "Mon Âme Sorcière",
contido no último trabalho "Sueños", seguindo-se "Aperlae"
do penúltimo álbum "Lost Atlantis", "Eleven"
também contido em "Sueños" e para terminar um tema novo de nome "Arcanae
Eco" que estará contido na próxima compilação da banda.
A banda que tem como formação base Francesca
Nicoli na voz, Vittorio Vandelli
na guitarra clássica e Giovanni Pagliari
nas teclas, tem como convidados para este álbum / tour, Francesco
Banchini no clarinete e voz assim como a actuação / dança de Lorenzo
Busi tendo este último actuado durante toda a show-case. Têm um
som neogótico,
recriam ambientes e atmosferas renascentistas, sonoridades barrocas e neoclássicas,
harmonias intimistas, partes de ópera orquestrada. Melodias de contemplação
/ meditação e pesquisa experimental. Utilizam muitos
idiomas antigos e contemporâneos: grego, latim, italiano, inglês, francês,
alemão, espanhol e português. Emoções profundas, refinados poemas / líricas
relacionando jogos de palavras.
Os
Ataraxia são alguns artistas
italianos que exploram e criam música, pinturas / imagens, poesia / teatro,
e que decidiram dedicar completamente as suas vidas á arte. Os Ataraxia são
músicos viajantes, fundamentalmente inspirados pelas suas viagens e pelos
locais que ainda possuem a nobreza e a carga expressa dos séculos passados,
e que transmitem essas emoções obtidas do silêncio, através da música.
Eles
cresceram em locais de grande tradição medieval. Através da investigação
tentam recriar memórias e lembranças de todas as almas, que perderam a sua
individualidade, em função da grandiosidade. Tentam, com as suas mãos
criar e dar nuances, e não gostam de adulterar o conhecimento, ou mesmo
tentar dar uma diferente visão. Os estudos dos antepassados debruçaram
sobre várias áreas que estão ligadas entre si: música, pintura, ciência,
matemática, filosofia, arquitectura e alquimia. Por vezes sentem-se como
uma área de cruzamento das culturas orientais e mediterrânicas com a
cultura celta do norte, como uma terra de encontros e traduções, cidadãos
do mundo que trazem sinais físicos e espirituais das mais diversas e
distantes culturas.
A
palavra Ataraxia é um balanço espiritual, o sinónimo de um estado físico
e uma perfeição física que não é possível ser atingida pelos seres
humanos. Assim Ataraxia torna-se um estado de tensão em que tentamos abrir
as nossas mentes para serem receptivas e preceptivas nas ocorrências da
vida. A criatividade é a base da nossa pesquisa.
As
pedras antigas e a água falam aos Ataraxia. Por esta razão, preferem tocar
e gravar nesses locais, apenas para ouvir as suas vozes
silenciosas............
Os
Ataraxia estudaram diversos idiomas, e o belo disto é que quando usadas por
eles criam um fascínio, devido aos diferentes sons e acentuações,
interligados com uma cultura que não é a deles, e a personalização que
cada canção ganha devido ao idioma.
Para
eles, um concerto é uma espécie de drama teatral. O melhor concerto é
conseguido sempre num local antigo onde as pedras e arquitectura lhes possam
dar a melhor inspiração. As actuações geralmente representam os seus álbuns
conceptuais, e não uma sequência de canções, mas uma profunda pesquisa
dos mais diversos modos de se expressarem através da musica, palavras,
imagens, acções teatrais e de dança e cenários. Quando a música é
criada, começam já a criar as roupas para o mimo / dançarino que trabalha
com eles e as coreografias e cenário para as actuações.
A
magia criada nos concertos é o intercâmbio de energia entre a banda e ou
ouvintes, geralmente os seus concertos têm lugar em locais antigos onde uma
corrente de energia flui como catedrais, castelos, jardins, campos, palácios
antigos. Exploram e viajam em reinos primaveris.
A
sua inspiração vem das suas raízes (culturas celta, latina e grega), dos
estudos que fizeram (históricos, clássicos, literários e antropológicos),
da maneira como se desenvolvem e da forma que a natureza os escolheu para
expressar a sua própria linguagem. Fazem o papel de mediadores entre a arte
e a criação. Como um dom inconsciente. A criação é a maneira de
expressar a parte divina do ser humano. Nos antigos rituais de Dioniso, o
musico era possuído pelo Deus da Natureza, que assim falava através dele.
Os Ataraxia têm aquilo que se pode definir como uma atitude mística em
relação á vida, sendo canais inconscientes que vibram expressando-se,
traduzindo a energia que os rodeia.
Viajam
por um caminho que teve a sua origem em tempos muito remotos. O objectivo
dos Ataraxia é não perder nada do que o passado lhes deu de forma a
recordarem-se quem são, o que são e para vão. Espíritos antigos
continuam a falar.